Ramos | 6º Domingo da Quaresma – 2024

 
ramos

“A outros salvou, a si mesmo não pode salvar! O Messias, o rei de Israel… que desça agora da cruz, para que vejamos e acreditemos!”

Domingo de Ramos. Jerusalém é a cidade de Jesus enquanto projeto, enquanto sonho de Deus, é a Jerusalém eterna, celeste, por isso o templo de Jesus podia ser destruído.

 

Dizia no rito inicial da nossa celebração: “Jerusalém sua cidade”. Mas Jesus não é de Jerusalém, Ele esteve poucas vezes em Jerusalém, relacionando-se muito pouco com o templo e com as lideranças religiosas daquele lugar.

 

E, por isso, dois mil anos depois, com ou sem Jerusalém, seguimos entrando no mesmo projeto aclamando Jesus na procissão dos ramos que chega para inaugurar ritualmente nossa semana que é Santa.

 

A minoria, com seus ramos, recebe Jesus

 

Aquele jumentinho que estava amarrado, e que ninguém nunca montou representa a esperança de poucos que esperavam um Messias que havia sido anunciado por Zacarias – o profeta, no qual Jesus viria na simplicidade e na paz.

 

Viria no meio dos camponeses, daqueles pequenos da sociedade. Era uma esperança muito diferente da Esperança da maioria que esperava um Messias de cavalo de guerra, armado até os dentes e acompanhado de um forte exército violento e vingativo.

 

Seu povo estava preparado para clamar aquele Messias com mantos a serem jogados no caminho para acolher um novo rei, contudo chega esse camponês que se misturou com todo mundo, acolhendo os impuros, pecadores, pobres, doentes, excluídos, e com aqueles considerados amaldiçoados.

 

É este que chega acompanhado dessas pessoas, vindos lá do norte da Galileia, que erguem seus ramos e jogam no chão seus mantos para Jesus passar.  Os que fizeram isso não esperavam o Messias de cavalo de guerra, esse povo é a minoria que encontraram nele a sua Esperança.

 

Um messias que frusta as fantasias e ilusões religiosas.

 

Nos tempos de hoje devemos nos alinhar a essa nova Esperança e corrigir nossas fantasias e ilusões de um Messias que é super-herói e que corresponde mais aos nossos pecados fantasiosos de vingança, violência e intolerância.

 

Jesus frustra as expectativas de pecado e vem trazendo tudo o que ele vem construindo pelo caminho como inclusão, tolerância, perdão, acolhida e abraçando os pequeninos.

 

Que bonito repetirmos o gesto dos mantos, daquele povo, espalhados no chão enquanto Jesus entrava em Jerusalém, com isso repetimos simbolicamente o gesto do projeto pacífico e não a outro projeto. 

 

Os ramos não são amuletos de proteção

 

Os ramos que carregamos em nossas mãos não são amuletos, deles não saem energia alguma e nenhuma mágica sai dessas folhas. A sacralidade e a beleza desses ramos está no que eles simbolizam.

 

Dependurá-los em suas casas não serve para afugentar o mal, carregá-los em nossas mãos é comprometer-se com esse projeto de um Messias tão diferente daquele que era esperado e que ainda hoje muitas vezes segue sendo esperado e construído nas nossas fantasias e ilusões religiosas.

 

Alinhar-se a ele é enxergá-lo do jeito que ele é, e aclamar hosana significa “salva”, salvar agora; não é depois, é já. “Por favor, não dá mais pra aguentar!” grita esse povo. É claro que não são os poderosos que gritam isso, para eles está muito bom do jeito que está.

 

Para aqueles que não são excluídos, ou seja, aqueles que excluem, está tudo muito bom. Por isso, esse quem denuncia e desmascara é tão rejeitado, por isso Ele será entregue, julgado, condenado e torturado até a morte.

 

Porque Ele vem tirar da mão dos poderosos a vida dos pequenos, esmagada de tantas formas e, por vezes, em nome de Deus. Passados dois mil anos, entramos em Jerusalém com as mesmas preocupações.

 

Domingo de Ramos. Jerusalém é a cidade de Jesus enquanto projeto, enquanto sonho de Deus, é a Jerusalém eterna, celeste, por isso o templo de Jesus podia ser destruído.

 

Dizia no rito inicial da nossa celebração: “Jerusalém sua cidade”. Mas Jesus não é de Jerusalém, Ele esteve poucas vezes em Jerusalém, relacionando-se muito pouco com o templo e com as lideranças religiosas daquele lugar.

 

E, por isso, dois mil anos depois, com ou sem Jerusalém, seguimos entrando no mesmo projeto aclamando Jesus na procissão dos ramos que chega para inaugurar ritualmente nossa semana que é Santa.

 

A minoria, com seus ramos, recebe Jesus

 

Aquele jumentinho que estava amarrado, e que ninguém nunca montou representa a esperança de poucos que esperavam um Messias que havia sido anunciado por Zacarias – o profeta, no qual Jesus viria na simplicidade e na paz.

 

Viria no meio dos camponeses, daqueles pequenos da sociedade. Era uma esperança muito diferente da Esperança da maioria que esperava um Messias de cavalo de guerra, armado até os dentes e acompanhado de um forte exército violento e vingativo.

 

Seu povo estava preparado para clamar aquele Messias com mantos a serem jogados no caminho para acolher um novo rei, contudo chega esse camponês que se misturou com todo mundo, acolhendo os impuros, pecadores, pobres, doentes, excluídos, e com aqueles considerados amaldiçoados.

 

É este que chega acompanhado dessas pessoas, vindos lá do norte da Galileia, que erguem seus ramos e jogam no chão seus mantos para Jesus passar.  Os que fizeram isso não esperavam o Messias de cavalo de guerra, esse povo é a minoria que encontraram nele a sua Esperança.

 

Um messias que frusta as fantasias e ilusões religiosas.

 

Nos tempos de hoje devemos nos alinhar a essa nova Esperança e corrigir nossas fantasias e ilusões de um Messias que é super-herói e que corresponde mais aos nossos pecados fantasiosos de vingança, violência e intolerância.

 

Jesus frustra as expectativas de pecado e vem trazendo tudo o que ele vem construindo pelo caminho como inclusão, tolerância, perdão, acolhida e abraçando os pequeninos.

 

Que bonito repetirmos o gesto dos mantos, daquele povo, espalhados no chão enquanto Jesus entrava em Jerusalém, com isso repetimos simbolicamente o gesto do projeto pacífico e não a outro projeto. 

 

Os ramos não são amuletos de proteção

 

Os ramos que carregamos em nossas mãos não são amuletos, deles não saem energia alguma e nenhuma mágica sai dessas folhas. A sacralidade e a beleza desses ramos está no que eles simbolizam.

 

Dependurá-los em suas casas não serve para afugentar o mal, carregá-los em nossas mãos é comprometer-se com esse projeto de um Messias tão diferente daquele que era esperado e que ainda hoje muitas vezes segue sendo esperado e construído nas nossas fantasias e ilusões religiosas.

 

Alinhar-se a ele é enxergá-lo do jeito que ele é, e aclamar hosana significa “salva”, salvar agora; não é depois, é já. “Por favor, não dá mais pra aguentar!” grita esse povo. É claro que não são os poderosos que gritam isso, para eles está muito bom do jeito que está.

 

Para aqueles que não são excluídos, ou seja, aqueles que excluem, está tudo muito bom. Por isso, esse quem denuncia e desmascara é tão rejeitado, por isso Ele será entregue, julgado, condenado e torturado até a morte.

 

Porque Ele vem tirar da mão dos poderosos a vida dos pequenos, esmagada de tantas formas e, por vezes, em nome de Deus. Passados dois mil anos, entramos em Jerusalém com as mesmas preocupações.

 

Jesus desmascara a sociedade que construíram

 

Quando olhamos para nossa sociedade, enxergamos muitas aclamações que não são para o Messias de Nazaré, são para um projeto tão diferente, para ilusões e fantasias tão perigosas e que seguem promovendo tanto sofrimento.

 

Ajustemos, portanto, a nossa aclamação para que ela ecoe no mundo como uma profecia daqueles que seguem os discípulos dos discípulos do mestre de Nazaré. Aquele que faz opções tão claras, aquele que nós vemos ser entregue às mãos dos poderosos com ironia e sarcasmo é chamado rei, e Ele é rei.

 

Mas querem o rei das fantasias, ironizando aquele que não tem fantasia, não tem máscara, está nu e entregue nas mãos dos poderosos, desmascarado. Ele representa como uma fotografia deles mesmos, “olhem para a sociedade que vocês construíram! Eu sou um representante dessa sociedade que vocês construíram”.

 

Dois mil anos depois, olhando para Jesus dependurado na Cruz, também nós somos desmascarados quanto às sociedades que construímos, seguem entre nós tantos crucificados por razões muito parecidas, por processos muito parecidos, com as mesmas coroas de espinhos e com as mesmas feridas no corpo.

 

Também nus, também entregues à violência, a intolerância, a injustiça, a zombaria e ao sarcasmo. Jesus é trocado pelo injusto e, como isso, é injustiçado pelos poderosos. Seguem hoje, diante dos nossos olhos.

 

Iniciarmos a Semana Santa significa para nós abrirmos bem os olhos para enxergarmos a realidade que nos cerca e que nos denuncia, que toca profundamente o nosso coração por tantos e tantas a nossa volta.

 

Não é um teatro, não é uma lembrança para ficarmos tristes, “tadinho de Jesus crucificado, quanto sofrimento!” Tudo isso ainda é pouco, Ele assumiu a humanidade não para que tenham dó Dele, mas para nos comprometermos com Ele.

 

Jesus espera de nós comprometimento

 

Se comprometer significa seguirmos enxergando a dor e a fraqueza humana na carne que Ele assumiu e que segue viva, sendo torturada de tantas formas até a morte, e nos comprometermos com essas vozes que são caladas.

 

Havia muita gente falando, os líderes, a massa, o povo: “crucifica-o, se ele é o rei, por que ele não se salva, coisa boa ele não fez!” vozes que seguem gritando, enquanto outras estão caladas.

 

Onde estão os apóstolos, onde estão os discípulos que vinham com Ele, tão entusiasmados desde a Galileia? onde estão hoje os discípulos de Jesus diante dos crucificados? onde estamos nós? O risco de seguirmos calados é grande.

 

Ouvimos tantas vozes, mas não ouvimos nenhum discípulo, que risco imenso corremos de estarmos nas mesmas cenas calados, com medo, de longe escondidos, atônitos, quem sabe arranjando desculpas para ficarmos onde estamos. Um risco que todos nós corremos.

 

O ímpio reconhece a divindade de Jesus

 

Havia uma voz que surpreendeu todo mundo, porque ele é soldado Romano que acredita em outros deuses, e, na perspectiva judaica, é impuro por muitas razões. No entanto, o próprio soldado Romano é quem diz: “De fato ele era filho de Deus!”

 

Mas, diante deles está um homem morto que agonizou até a morte, como um romano pôde declarar que aquele é o filho de Deus? Pedro também tinha dito a mesma coisa: “Tu és o Messias, o filho de Deus vivo!” onde está Pedro?

 

Por que agora o soldado romano é quem diz isso? E ele faz uma profissão de fé que inaugura uma comunidade nova, que até a morte assume a vida humana.

 

Peçamos para que o Senhor nos guie nesta Semana Santa, abra bem nossos olhos e nossos corações para enxergarmos o que ainda não vimos, para percebermos os crucificados a nossa volta e nos comprometermos com a transformação dessa realidade pela força da Páscoa.

 

Artigo baseado na homilia de
Pe. Manoel Corrêa Viana Neto.
Diocese de Campo Limpo,
São Paulo – SP.

 

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