Transfiguração de Cristo – 2023

 

“Eis meu Filho muito amado, nele está meu bem-querer, escutai-o, todos vós! “

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Nos tempos de hoje, também enfrentamos na vida, situações difíceis como perdas, angústias, mágoas, invejas, vinganças e desconfianças, momentos de verdadeira cruz em que, por vezes, nós temos nossos rostos e a nossas próprias vidas desfiguradas.

 

Tanto a primeira leitura quanto o evangelho deste domingo foram escritos no momento em que as comunidades daquela época passavam por grandes tribulações, a cruz que torturou Jesus até a morte segue sendo uma ameaça constante àquela primeira comunidade, no início do cristianismo, que era submetida a um poder imperial especialmente contra os mais frágeis.

 

As vezes nos esquecemos do projeto de Deus quando nos criou para sermos felizes, termos vida plena, abundância e dignidade para todos. E quando olhamos para nós e a nossa volta, vemos tanta desfiguração em que os rostos e as vidas das pessoas, por terem perdido suas dignidades, não parecem corresponder a esse projeto tão generoso de Deus.

 

Diante dessa situação, hoje somos convidados a subir até o alto do monte santo, motivados por Pedro, Tiago e João. Somos convidados a fazer da Missa este Tabor, pois aí também estamos diante de Jesus na Eucaristia o qual, nesse momento em que a sociedade se transfigura, vai nos anunciar uma boa notícia.

 

Jesus quer nos mostrar o projeto de Deus realizado e cumprido em si próprio, a transfiguração é o convite que Jesus nos faz para olharmos para Ele e transfigurarmos nossa esperança como aconteceu com os apóstolos; o que aconteceu com Jesus lá no monte não acontece só com Ele, acontece conosco também.

 

Somos também criados para sermos luzes que vêm do próprio Deus, para que, a exemplo de Jesus, a transmitamos ao mundo. Porque não nascemos para situações desfiguradas pelas trevas, nascemos para algo grandioso como, por exemplo, o Reino de Deus.

 

Moisés e Elias são memórias de Jesus, dos apóstolos e da nossa, pois são personagens do antigo testamento que representam duas coisas: Moisés a lei e Elias a profecia, ou seja, a esperança da vinda do Messias – o Salvador. O problema é que, no tempo de Jesus, a lei virou uma arma de domínio e de controle, e até nos tempos de hoje, muitos de nós, achamos que devemos obrigar as pessoas a obedecê-la.

Os apóstolos viam Jesus como o filho de um carpinteiro que caminhava pelas ruas alcançando os frágeis, os rejeitados e excluídos para abraçá-los e trazê-los à luz; sendo que Moisés e Elias o viam como o Filho enviado por Deus. No entanto, os apóstolos pediram para que ficassem naquele lugar ao testemunharem o momento em que Jesus se transfigurava.

 

Esse é um risco que nós corremos de ficarmos acomodados, o mundo pode estar pegando fogo e precisando de nós, mas preferimos armar nossas tendas e nelas ficar mesmo cumprindo nossas obrigações e achando que tudo está bem, só que não, precisamos descer deste monte, assim como Jesus fez com os discípulos.

 

Descer do monte significa acolhermos os frágeis, os rejeitados e excluídos e trazê-los para a luz. Mas temos medo, assim como os discípulos tiveram diante daquela voz que saiu da nuvem; então Jesus disse a eles: “Não tenhais medo!” O medo é um dos maiores males da humanidade.

 

É por causa do medo que nós não saímos do lugar, nos escondemos e nos protegemos, muitas vezes até na lei para conseguir aquilo que queremos porque não temos fé e não acreditamos em nossas capacidades.

 

Por isso que muitas vezes, pelo medo, nos tornamos violentos e nos deixamos vitimar por traumas do passado que ainda não foram curados, nos desfigurando. Jesus toca nos apóstolos e toca em nós nos encorajando para sairmos do lugar. Jesus nos faz ser aquilo que fomos criados: iluminadores.

 

Devemos anunciar algo sempre melhor, ao sairmos da missa devemos sair renovados com o propósito de espalharmos pelo mundo essa boa notícia, seja amando, perdoando, se reconciliando e dando exemplo de honestidade, ou seja, com o nosso modo de viver.

 

Toda vez que eu promovo a justiça, ajudo quem precisa, opto pela paz e incluo quem está excluído, vou transfigurando a minha realidade e a realidade de meu entorno, e um dos grandes resultados é a conversão de meu próximo, mesmo sendo a longo prazo.

 

O Papa Francisco, durante a Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, disse que a Igreja, nossa comunidade de fé, precisa ser para todos! Devemos deixar de controlar quem pode e quem não pode, quem é digno e quem não é, quem serve e quem não serve, porque isso sim nunca terá lugar na Igreja; portanto superar os muros é também transfigurar.