15º Domingo do Tempo Comum – 2023

 

A semente de Deus é a palavra, o Cristo é o semeador.

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O profeta Isaías na primeira leitura, e Jesus no evangelho, nos oferecem uma imagem muito interessante para pensarmos sobre a vida: a imagem da terra e do terreno. Como a terra, Deus nos criou para produzirmos frutos a todos.

 

A terra precisa ser regada e trabalhada para germinar, como em nossas vidas que sem a graça de Deus não fará a semente brotar, pois para isso devemos trabalhar, seguir os ensinamentos de Deus e nos manter firmes na fé. Essa semente é plantada em nossos corações para darmos ao mundo frutos do projeto de Deus.

 

Por isso a imagem da semente pode nos ajudar a nos reconhecermos como criaturas amadas, cuja missão também é espalhar esta semente, pois Jesus anuncia seu projeto em abundância como foi no projeto da criação do Pai.

 

Então, quando Jesus anuncia seu projeto, muitos o rejeitam, especialmente os fariseus mais poderosos de seu tempo, ou seja, os líderes religiosos e donos da verdade. Para eles era importante que a graça, a bênção e o perdão de Deus fossem dados para quem eles escolhessem.

 

Eram eles quem decidiam quem teria méritos e quem era puro ou impuro, já os impuros e sem méritos iam para a margem da sociedade, ou seja, eram excluídos. Jesus quando começa sua missão vai primeiramente ao encontro desses pequeninos.

 

Por isso os líderes religiosos achavam ameaçador o projeto de Cristo, pois eram contra. Para eles haviam gente que prestava e gente que não prestava, e Jesus faz o contrário, anuncia seu projeto para todos e, mais urgente, para aqueles que são considerados impuros.

 

Na parábola do evangelho deste domingo, Jesus cita os que rejeitam seu projeto como um tipo especial de terreno, como por exemplo o pássaro que vem comer a semente caída na superfície da terra, o terreno cheio de pedras, a pouca terra para absorver água e os espinhos que sufocam as plantas.

 

O sol, que seca a semente, representa o sofrimento da vida e as dificuldades; já os espinhos representam os obstáculos que enfrentamos. São terrenos, tanto daquele tempo como no de hoje, que seguem rejeitando o projeto de Jesus.

 

Devemos reconhecer que, por conta dos espinhos, das pedras, do sol, dos pássaros ou das ameaças do dia-a-dia; também rejeitamos e resistimos ao projeto de Jesus em abundância quando guardamos mágoas ou rancor de alguém a ponto de queremos nos vingar.

Com isso estamos decidindo quem merece e quem não merece méritos, quem é puro e quem é impuro, pois muitas vezes, para nós, os puros são aqueles que satisfazem nossas vontades. Usamos inclusive, como os fariseus, listas morais e religiosas para definir quem é bom e quem não é.

 

Vamos criando nossas alfandegas para fiscalizar ou regularizar o modo de vidas das pessoas. Mas no evangelho, Jesus diz também que há uma terra boa, lá onde a semente cai, brota e gera muitos frutos.

 

É o terreno daquele que acolhe a semente e a rega, permitindo que a planta crie boas raízes para resistir ao sol. Jesus nos convida a sermos terras boa, pois para isso devemos acolher os valores do evangelho.

 

Passados mais de dois mil anos, os valores de Jesus anunciados hoje são os mesmos daquela época como: justiça, perdão, paz, acolhimento, tolerância, inclusão etc. É isso que Jesus fala e faz o tempo todo, e são esses os valores que tornam a terra produtiva.

 

Essa nova sociedade que Jesus anuncia é o reino de Deus, diferente do reino de César e dos líderes religiosos da época. Jesus anuncia uma sociedade alternativa porque ela oferece um novo modo de viver, a partir dos valores e ensinamentos que Ele propõe.

 

Além de terras, nós também somos semeadores, não saímos da missa de mãos vazias, saímos daqui carregados de sementes em nossos corações para plantarmos na sociedade, no trabalho, no lazer, na família etc. basta um gesto, inclusive um olhar, para tocarmos as pessoas.

 

Ser semeador é assumir este compromisso desde o nosso batismo, pois molhados como a terra pela chuva, somos alcançados pela graça, sendo inevitável a fertilidade da vida quando semeada pela palavra de Deus.

 

Peçamos ao Senhor que nos faça perceber essas nossas duas vocações: de terra boa e de semeadores, e sejamos animados pela força do Espírito para transformarmos o mundo nas pequenas coisas a nossa volta e nas grandes coisas na sociedade.

 

As prioridades de Jesus devem ser também nossas prioridades, que sejamos provocados no íntimo de nossos corações, pelo Espírito, para atendermos o chamado de envio para essa missão.

 

Artigo baseado na homilia de:
Frei Guilherme.
Diocese de Campo Limpo,
São Paulo – SP.