Cristo Rei | Solenidade – 2023

 
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“Em verdade eu vos digo que todas as vezes que fizestes o bem a um dos menores de seus irmãos, foi a mim que o fizestes!”

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Estamos concluindo o ano litúrgico de 2023 na Solenidade de Cristo Rei. A igreja nos proporcionou um período para meditar sobre o Evangelho de São Mateus em conjunto com a comunidade, bem como para participar dos sacramentos, incluindo, por exemplo, a confissão. O ideal é confessar-se pelo menos duas vezes ao ano, durante a Páscoa e o Natal.

 

Nos momentos em que utilizamos nossos dons para servir ao próximo e contribuir para a construção do reino de Deus, tudo isso visa nos permitir compreender o significado dessa jornada ao chegarmos a este domingo. A primeira leitura destaca a promessa de que o pastor não deixará nenhuma de suas ovelhas desamparadas, garantindo justiça entre ovelhas e bodes.

 

Cristo o Pastor de Ovelhas

 

Jesus se coloca no papel de pastor, ciente de que suas ovelhas o reconhecem, assim como ele as conhece. Elas ouvem sua voz e a obedecem. Jesus as acolhe, alimenta as famintas, dá de beber às sedentas e cura as feridas daquelas que necessitam, entre outros cuidados.

 

Essa é a visão que devemos ter de Deus, reconhecendo que Ele se faz presente a todo momento e estabelece um relacionamento profundo e extremamente íntimo com cada um de nós. Como Jesus disse: ‘Eu não vos chamo de servos, mas vos chamo de amigos’.

 

Não devemos adotar uma visão arcaica de um Deus primitivo que nos castiga. No máximo, Ele nos corrige. Às vezes, é necessário enfrentarmos algum tipo de sofrimento que provocamos a nós mesmos. Se tivermos discernimento, podemos transformar isso em uma experiência vitoriosa.

 

No Evangelho, Jesus Cristo faz seu último discurso antes de ir para a cruz. A preciosidade do símbolo da cruz vai além de sua representação visual. A arte religiosa não deve se limitar a expressar uma imagem meramente pictórica, humana e técnica. Devemos observar o ícone na arte não apenas como uma pintura, mas como a revelação do que Deus quer nos comunicar. Em outras palavras, o ícone é uma forma de oração.

 

A cruz, representada em uma pintura, vai além de cores e formas, transmitindo a mensagem de um amor profundo que Deus tem por nós ao se entregar para a remissão de nossos pecados. Este é o sinal do Evangelho deste domingo, simbolizando o Deus que veio para fazer a distinção entre as ovelhas e os bodes.

 

Isso não significa que o lado direito seja superior ao esquerdo, era uma perspectiva comum no judaísmo da época de Jesus. Da mesma forma, não significa que a ovelha seja superior ao bode.

A Mensagem de Cristo

 

A mensagem que Jesus quer transmitir é que todos nós possuímos aspectos bons e ruins. Se não nos submetemos a Deus, o mal que existe dentro de nós se manifestará, levando ao afastamento Dele e, consequentemente, à condenação no dia do juízo final. Em muitas ocasiões, agimos como ovelhas, enquanto em outras, comportamo-nos como bodes.

 

Por exemplo, no trânsito, quando testemunhamos um motociclista sofrendo um acidente à nossa frente, é comum pensarmos que ele mereceu por sua imprudência, e seguimos nosso caminho. No entanto, seria justo permitir que ele pague com a vida por um erro que cometeu?

 

O Evangelho nos orienta a sermos sempre as ovelhas do Senhor. Quando compartilhamos nossa comida, bebida, fornecemos vestimentas, acolhemos estrangeiros em nossa casa, cuidamos dos doentes e visitamos aqueles que estão na prisão, estamos praticando essas ações diretamente para Jesus. Essas são as seis obras de misericórdia.

 

Até mesmo no antigo Egito, falava-se sobre essas obras de misericórdia, mas a novidade é que Jesus afirmou que, se praticarmos todas essas ações em benefício de um dos pequeninos, estaremos fazendo a Ele. Não devemos realizar a caridade apenas como forma de expiação de pecados, embora isso seja válido; além disso, devemos fazê-lo em virtude do amor de Deus.

 

As seis obras de misericórdia se resumem ao amor. Ao final de nossas vidas, seremos julgados não apenas por nossas ações, mas pela intensidade do amor que investimos em cada uma delas. Para Deus, não importa o quão grandiosas sejam nossas obras, mas sim a magnitude do amor nelas contido.

 

Os Pequeninos de Cristo

 

Para colocarmos em prática os ensinamentos que Deus espera de nós, é suficiente praticá-los com amor (caridade), e essa decisão deve ser tomada agora. Os ‘pequeninos’ podem ser membros de nossa família, nosso cônjuge, nossos filhos, nossos pais idosos, ou até mesmo os criminosos e marginalizados, que são aqueles que mais necessitam de um gesto acolhedor.

 

Devemos inspirar-nos nos exemplos das mães de detentos que enfrentam filas enormes, até mesmo debaixo de chuva, para visitar seus filhos, que, apesar de seus crimes, não deixam de ser amados por elas. Na igreja, há a pastoral carcerária; caso haja interesse, informe-se na secretaria, pois eles podem orientar sobre como ajudar.

 

Não devemos elogiar o pecado, mas valorizar o ser humano. O julgamento do delito cabe exclusivamente a Deus. A crucificação de Jesus Cristo veio mostrar que o ser humano possui valor considerável e pode ser restaurado, como evidenciado pelo exemplo de Maria Madalena.

 

O sentido de nossa vida reside em amar a Deus e valorizar o próximo, em vez de gastarmos energia com coisas secundárias, desejando ser mais do que os outros. Deus não nos impede de conquistar nada, mas tudo será secundário diante daquilo que Jesus julgou como verdadeiro: o amor.

Artigo baseado na homilia de
Pe. Manoel Corrêa Viana Neto.
Diocese de Campo Limpo,
São Paulo – SP.

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