A Viúva | 32º Domingo do Tempo Comum – 2024
“Tomai cuidado com os doutores da Lei! Eles gostam de andar com roupas vistosas, de ser cumprimentados nas praças públicas; gostam das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos melhores lugares nos banquetes.”
Estamos nos preparando para a coroa do advento, então convertamo-nos hoje, como fez a viúva, para que possamos gerar o menino Jesus em nossos corações e celebrar seu nascimento no Natal.
Jesus se sacrificou para nos salvar, por isso devemos assumir em nossas vidas este gesto de amor, de compaixão e de bondade e, ao mesmo tempo, praticar estes mesmos gestos com nossos irmãos.
No evangelho, Jesus alerta a multidão para tomarem cuidado com os fariseus que gostavam de banquetes, dos primeiros lugares, de usurpar as viúvas, fingindo fazer longas orações etc.
Os cofres nos templos, durante o tempo de Jesus, eram frequentemente feitos de metal. Este material permitia que o som das moedas ressoasse ao serem lançadas, um fenômeno que era notavelmente registrado na prática de doações no Templo de Jerusalém.
Jesus repara no gesto generoso da viúva
Esses cofres metálicos, ao amplificar o som das moedas, também serviam simbolicamente para destacar as doações feitas pelos fiéis, onde os mais ricos se gabavam com o prolongamento do som devido a grande quantidade de moedas.
Jesus reparou na viúva que lançou apenas duas moedas no cofre, que valeria, nos tempos de hoje, cerca de 50 centavos; óbvio que ninguém percebeu a ação daquela mulher, mas Jesus sim. Naquela época os bens de um judeu, após sua morte, eram repassados aos filhos ou a um irmão.
A viúva vivia da boa vontade dos filhos ou dos parentes, e se a família do defunto não gostasse da viúva, esta seria desprezada sem direito a nada. Na primeira leitura, Elias pede pão e água a uma viúva, e ela responde que só tinha para ela e seu filho e que depois iriam morrer de fome.
Elias lhe disse para não se preocupar e, posteriormente, a mulher foi e fez como Elias lhe tinha dito. E comeram, ele, ela e seu filho, durante muito tempo. A farinha da vasilha não acabou nem diminuiu o óleo da jarra, conforme o que o Senhor tinha dito por intermédio de Elias.
A fé dá sentido a toda prática cristã
A viúva do evangelho deu somente aquilo que tinha e não o que sobrou, com isso Deus reconheceu sua generosidade e nada lhe faltou. Jesus enaltece esta mulher porque ela não vive a religião apenas, mas vive sua fé.
Nós podemos ser cristãos vivendo uma religião católica, cumprindo os mandamentos, orando a nossos santos de devoção, participando das missas, comungando, nos confessando etc. E mesmo assim ainda é possível estarmos longe de Jesus Cristo, porque o que Jesus espera de nós, em primeiro lugar, é que vivamos a fé.
De nada adianta agirmos como cristão se trairmos, cobiçarmos as coisas alheias, julgarmos, não perdoarmos, ofendermos, odiarmos, causarmos divisões, excluirmos etc.
É a fé que dá sentido a toda prática da vida cristã, ou seja, se não agirmos com amor, de nada adianta. Um exemplo disso é com a educação de nossos filhos, de nada adianta dar tudo a eles se faltar o essencial, o amor e o ensinamento da fé cristã.
Se não tiver amor, nada disso me valerá
Sem amor, tudo não passa de autopromoção. Devemos fazer o que a sociedade exige de nós? sim, mas colocando a fé e o amor em primeiro lugar. É a fé que dá sentido a nossa vida. Não devemos participar das missas apenas para cumprir preceitos e sim viver a fé em união, ou seja, em comunidade.
Vamos à missa para celebrar a vitória de Cristo sobre o demônio que nos quer afastar de Deus a todo momento e a todo custo. E se nós não tivermos consciência disso, a missa não passa apenas de um rito e retornaremos para casa como se nada tivesse acontecido em nossas vidas.
O nome Javé, que traduzido significa algo como “Eu sou aquele que é”, há uma tradução adequada que podemos usar: “Javé é aquele que entra na nossa história”. E quando entendemos isso, Ele nos faz maravilhas.
Deus não revelou seu nome a Moisés, mas sim o que Ele é. Em seguida, Ele diz a Moisés: “Eu ouvi o clamor do meu povo e vou libertá-los!” Deus escuta nosso clamor, mesmo quando enfrentamos a perda como a de um filho de dois anos, por exemplo.
Essa realidade, mesmo não sendo a nossa, nos ensina o quanto temos a agradecer e a necessidade de nos converter; portanto, de alguma forma, esse exemplo pôde nos transformar. Deus usa as situações para nos libertar de nossas escravidões e nos conduzir à terra prometida. Por isso, a missa é a celebração da entrada de Deus em nossas histórias, sejam trágicas ou não.
A gratidão a Deus nos santifica
Se no ato da consagração agradecermos a Deus por algo que Ele fez em nossas vidas, inclusive por uma fatalidade, então entenderemos o valor do sacrifício de Deus por nós e o significado de nossas vidas, do contrário estamos desperdiçando nosso tempo.
Devemos agradecer, louvar e bendizer o nome de Deus por tudo durante a missa, como fez Jó, que, ao perder a família, os bens e a saúde ao contrair lepra, manteve sua fé inabalável. Por sua fidelidade, Deus o recompensou em dobro, mostrando a importância de persistirmos na fé.
Por vezes achamos que os sinais de Deus são apenas quando atraímos para nós algo de nosso interesse, mas não é bem assim, a perda pode ser também um sinal de Deus com o propósito de nos ensinar a viver da maneira certa, mesmo que sejamos pessoas corretas.
São nas perdas que aprendemos a ser fortes e a entender o que Deus realmente espera de nós. Ele deseja que nos desapeguemos das coisas que erroneamente acreditamos serem as melhores para nós, mas que na verdade nos escravizam.
Frequentemente, não percebemos isso porque o comodismo nos cega. Assim, Deus nos ajuda a sair dessa realidade de morte e nos conduz ao verdadeiro propósito de viver.
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Artigo baseado na homilia de
Padre Manoel Corrêa Viana Neto
Diocese de Campo Limpo,
São Paulo – SP.