Os 72 Discípulos | 14º Domingo do Tempo Comum – 2025

“Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos. Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não cumprimenteis ninguém pelo caminho! Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!'”
Hoje a liturgia nos convida a refletir, neste tempo comum, cuja cor verde expressa a esperança de crescimento na fé e em nossa vida cristã; o evangelho de São Lucas que tem como centro mostrar a misericórdia de Deus através das parábolas: Dracma perdida, a Ovelha perdida e o Filho Pródigo. As parábolas enfatizam o valor de cada pessoa para Deus e a alegria que Ele sente quando alguém perdido é encontrado e trazido de volta.
Jesus envia 72 discípulos, dois a dois
No evangelho de hoje, Jesus envia 72 discípulos, um número que varia de 70, como as 70 tribos, que representam as nações conhecidas no Gênesis e que tiveram a experiência do conhecimento de Deus. Na tradição judaica, para ter credibilidade, era necessário ter uma testemunha consigo; por isso, o envio dois a dois.
Do mesmo modo, o casal é chamado a dar testemunho da fé no matrimônio porque são dois. Além do mais, o casal cristão entende que ele é chamado a viver o sacramento do matrimônio a três, onde a terceira pessoa é Jesus Cristo, testemunhando o mesmo sentimento, convicções, desejos e santificação no desdobramento da família com a geração de filhos.
Por isso, para o casal cristão, estar aberto à vida, à procriação, não é apenas um senso biológico, mas um senso teológico, pois permite que Deus possa conduzir suas vidas. Por essa razão, a Igreja condena qualquer tipo de anticoncepcional artificial, considerando pecado mortal.
O relacionamento entre conjugues não é apenas para o prazer.
Quando a pílula anticoncepcional surgiu entre as décadas de 1940 e 1950, foi gerado um divórcio entre fé, razão, natureza humana e espiritualidade e, com isso, começa-se a pensar que o relacionamento entre homem e mulher é apenas para o prazer. A Europa está envelhecendo porque pouco se procria, contudo os mulçumanos imigram para lá gerando em média 5 a 8 filhos, tal realidade nos permite prever a mudança de cultura na Europa.
Jesus quando envia os 72 discípulos, os envia para onde Ele iria passar, posteriormente eles preparam essas cidades para a vinda do Salvador, ou seja, a vinda do Reino de Deus que está próxima. E os discípulos voltam felizes, falando que até os demônios os obedeciam. E Jesus diz para ficarem felizes porque seus nomes estariam escritos no livro da vida.
O grande testemunho que nós damos em anunciar o evangelho, não é apenas anunciar o que está na Bíblia, mas sim através de um interlocutor, e esse interlocutor é o nosso testemunho de vida que nos permite anunciar com autoridade. E com isso as pessoas passam a se identificar com as dificuldades e superações que passamos. Esse foi o modo como os discípulos anunciaram Jesus.
Não existe ser humano impecável
Diz Santo Inácio de Antióquia, discípulo de São João Evangelista, “Como é maravilhoso ensinar quando se vive o que se ensina”. Geralmente temos uma visão tão alta do cristianismo que nos impede de vivenciá-lo, porque não levamos em consideração que não existe ser humano impecável. Deus sempre nos amará mesmo se nós o negarmos porque Deus é imutável. O amor de Deus não depende de nós, ou seja, o amor de Deus não depende do outro e isto também serve para os casais.
A essência do amor é amar apesar de… O amor, embora passe pelo afeto, não é um afeto, mas um princípio de decisão, ou seja, o amor tem que ser uma decisão e não apenas um sentimento afetivo, por isso dizemos no altar: “serei fiel na riqueza, na pobreza, na saúde e na doença”. E isso se desdobra para os filhos, para os parentes, amigos, comunidade e para o mundo.
Se sua família está desunida por conta do pecado, consagre-se ao Sagrado coração de Jesus participando de um encontro por mês durante 9 meses, e peça ao Espírito Santo para lhe dar forças para viver a castidade. A castidade não é apenas um ato praticado fora do casamento, mas também dentro quando os conjugues são fiéis um ao outro. Com isso iremos expressar a qualidade de Deus que é amar incondicionalmente.
O pior pecado é romper com o amor
O pior pecado não é mentir ou ser hipócrita; o pior pecado é romper com o amor. Quando isso acontece, nos afastamos de Deus e ainda assim achamos que está tudo bem. Para suprir esse amor ausente, buscamos falsos amores, como, por exemplo, nos fazer de vítimas para conseguir o que queremos.
Para termos poder sobre o demônio devemos estar em íntima comunhão com o que é soberano, o amor de Deus. A única coisa que pode destruir o mal é o amor, não é o poder legislativo, judiciário etc. E a única coisa que pode mudar o homem é o coração do homem, e o que o torna impuro também é aquilo que sai de seu coração.
Se quisermos mudar o mundo, a sociedade e nossos irmãos, comecemos a mudar por nós mesmos dizendo sim a Deus. E dizer sim a Ele também implica deixar de fazer o que gostamos, mas que, certamente, lhe desagrada. E sabemos muito bem o que são. “Voltem para seus lares e amem suas Famílias!” (Madre Teresa de Calcutá).
Nossas famílias são pilares fundamentais para o aprendizado das virtudes e dos ensinamentos do evangelho. Por isso, é essencial protegê-las das influências negativas do mundo. Há mais de 300 anos antes de Cristo, os gregos já afirmavam que “a família é a célula-mãe da sociedade”, destacando sua importância na formação de uma sociedade saudável e virtuosa. Lutemos pelas convicções de fé que recebemos da nossa mãe igreja.
Saiba como registrar música
Artigo baseado na homilia de
Padre Manoel Corrêa Viana Neto
Diocese de Campo Limpo
São Paulo – SP